Porquê os números?

Quantas pessoas sofrem dessa condição? Quantos psicólogos foram afectados? Qual o resultado da intervenção na redução do problema? Quanto é que se  gasta? Quanto é que se pode poupar?

Estas questões, e respectivas variantes, são uma constante das minhas interacções seja com decisores ou comunicação social. Perguntas legítimas e importantes, para as quais nem sempre tenho resposta completa. No entanto, procuro nos trabalhos que se vão realizando respostas que possam ser objectivas e dar uma perspectiva concreta dos resultados ou informações pretendidas.

Não tenho qualquer obsessão pelos números, mas sei que preciso deles para demonstrar as afirmações que produzo. Ganham sustentação e, com isso credibilidade.  Daí que o relatório sobre o custo-efectividade se tivesse centrado em questões de redução de despesa, ganhos em saúde, e outros números na generalidade muito favoráveis à intervenção psicológica.

Sei que não é fácil introduzir esta dimensão nos estudos, mas temos de fazer um esforço nesse sentido. Preciso desses dados, e colecciono-os para poder responder às questões. Faz toda a diferença saber que um hospital realizou mais de 5000 actos psicológicos no espaço de um ano (exemplo real) e que se dá conta da enorme quantidade de actividade desenvolvida e que precisa de ser reconhecida, não apenas em termos do benefício para os utilizadores, mas como valor que tem de ser ressarcido nos respectivos subsistemas de saúde.

Sei que os números estão por aí, em relatórios anuais de actividade, em estudos não publicados ou apresentados em grupos restritos. Pelo que conheço da literatura científica sobre o assunto, nada temos a temer em termos da nossa intervenção. Tem-se revelado eficaz, e redutora de despesas.

Por isso deixo aqui o pedido, enviem-me esses números, falem deles, publiquem. Mostrem que a psicologia tem valor nas suas diversas dimensões. É para isso que servem os encontros, congressos, e as reuniões em que se tomam decisões com base em dados.

Precisamos desses dados, com a consciência de que não são tudo e têm as suas limitações, mas que são um lado importante da demonstração da psicologia

Sobre Telmo Mourinho Baptista

Bastonário da Ordem dos Psicólogos
Esta entrada foi publicada em Reflexões do Bastonário com as etiquetas , , , . ligação permanente.

São aprovados todos os comentários em que o leitor expressa as suas opiniões. Os comentários que contenham termos vulgares e palavrões, ofensas, dados pessoais (e-mail, telefone, etc.), links externos, que sejam ininteligíveis e que não façam qualquer referência ao post em questão, não serão aprovados.