Podemo-nos dar ao luxo de perder os nossos talentos?

Fim de tarde de um sábado, após um longo dia de reuniões na Ordem que envolveram um contacto directo com os membros das recém-eleitas delegações regionais, rumo a Torres Vedras para responder ao convite da ANEIS para fazer o encerramento do seu congresso internacional sobre o tema ” Sobredotação: práticas inclusivas promotoras de talentos”. Tema feliz, tratado por académicos e profissionais de vários países, num auditório bem concorrido de uma escola profissional  em Torres Vedras.

Para além do tema principal, falava-se sobre talentos e empreendedorismo, dois temas que me interessam muito. E de como, sem uma forma de reconhecer e aproveitar os talentos que possuímos, os deixamos sem expressão. Nessa altura, pude deixar para reflexão quatro perguntas a que entendo ser importante dar uma resposta.

  1. Se nos podemos dar ao luxo de perder os nossos talentos?
  2. Se não é nos talentos que temos de apostar para fazer avançar as sociedades e os países?
  3. Se não é com talentos que podemos ser inovadores?
  4. Se não é a crise o momento em que mais precisamos de respostas inovadoras e de talento?

Naturalmente, perguntas com um carácter mais retórico, pois a resposta parece-me evidente. Infelizmente, algumas evidências não se transformam em actos consequentes e, por isso mesmo, se a resposta às perguntas é clara importa encontrar as formas de tornar o pensamento em acção.

Penso que, primeiro que tudo, temos de dizer bem alto que temos as capacidades e o talento para ser inovadores, mostrar que conseguimos dar resposta às necessidades, mesmo em tempo de crise.  Os psicólogos estão particularmente bem preparados para esta missão, pois são muitas vezes chamados para lidar com situações várias de crise.  E somos também nós que podemos, através do nosso trabalho, reconhecer os diferentes talentos, e fazer com que eles possam ser empregues e encontrem expressão plena, com satisfação maior para as pessoas, empenho e motivação. E como um contributo acrescido, inovador e produtivo para asociedade.

Podemo-nos dar ao luxo de perder os nossos talentos? Pode uma sociedade perder esses talentos? A isso chama-se desperdício, e é contra esse desperdício que temos de lutar.

Sobre Telmo Mourinho Baptista

Bastonário da Ordem dos Psicólogos
Esta entrada foi publicada em Reflexões do Bastonário com as etiquetas , , . ligação permanente.

São aprovados todos os comentários em que o leitor expressa as suas opiniões. Os comentários que contenham termos vulgares e palavrões, ofensas, dados pessoais (e-mail, telefone, etc.), links externos, que sejam ininteligíveis e que não façam qualquer referência ao post em questão, não serão aprovados.